14 de jul. de 2011

Todo o mundo fala errado?

Todo mundo fala errado?
Lya Luft

Freqüentemente se ouve alguém afirmar, desamparado, que "todo mundo fala errado". Se apenas observarmos superficialmente, poderemos achar que a afirmação está correta. É verdade: ninguém ou quase ninguém fala "certo". Talvez devêssemos então indagar o que é falar "certo". A maioria das respostas será que é "falar como está nas gramáticas", isto é: todo mundo deveria usar, com naturalidade e freqüência, as formas mais sofisticadas da chamada língua-padrão. Nesse caso, diríamos aos amigos, aos filhos, aos empregados coisas como:

- Maria, viste meu filho na escola?
- Não, Teresa, Vê-lo-ei amanhã somente.

Ou ainda:

- Poderias dizer-me aonde irás esta noite?
- Dir-te-ei unicamente quando tiver regressado.
E ainda coisas deliciosas, como:

- Que pensais da cultura dos nossos universitários?
- Não vos posso dar essa resposta, porque seria demasiado desanimadora.

Ora, dirão os meus leitores, que linguajar mais horrível. Que pedantismo, que erudição falsa, que inadequação à nossa realidade. Ninguém fala assim. Enfim uma observação inteligente: ninguém fala assim, porque essas formas, e muitas outras que não estão nos livros, não se usam. Tornaram-se arcaicas, pertencem a um nível de linguagem culto formal, que se aceita, com dor nos ouvidos, em discursos, em sermões de igreja (e olhe lá!. Pelo que nossa liturgia e posturas na Igreja andam evoluindo, em breve a música religiosa será considerada blasfêmia...). São formas apenas aturadas, como se aturam trastes velhos pela casa, enquanto não sabemos onde os colocar. Isso significa que aquilo que os mais ingênuos julgam ser a maneira correta de falar, não passa de fórmula livresca, seca, sem vida. Mas não é, nem de longe, o que devemos empregar diariamente, muito menos na fala. Pois na língua se distinguem duas maneiras de registrar o pensamento: a fala, registro primeiro, e a escrita, registro segundo, isto é, registro da fala. Observando isso, podemos concluir que a escrita é que deve reproduzir a fala, e não vice-versa. Assim não é correto que devêssemos falar como se escreve, mas deveríamos, isso sim, escrever como se fala, o que é impossível por uma série de motivos, um dos quais o de ser a escrita um código determinado por decretos oficiais. Por isso, não é correto somente o que está "nos livros".

Mas há outros aspectos, como a linguagem ser um comportamento social do homem. Não se usa um calção em uma conferência, nem terno e gravata para ir à piscina (entre amigos), como não se fala de maneira descontraída em uma conferência(...) Na escrita, para aprendermos realmente a escrever, é necessário um treinamento intenso, pois o código é mais complicado, obedece a regras fixas e rígidas. Nadar se aprende nadando; guiar se aprende guiando; falar se aprende falando, e escrever se aprende escrevendo e lendo, para internalizar estruturas. O assunto linguagem é complexo demais para ser tratado num artigo, e todos os livros escritos a respeito ainda nos deixam saudavelmente curiosos e perplexos.

Canção na plenitude

Não tenho mais os olhos de menina
nem corpo adolescente, e a pele
translúcida há muito se manchou.
Há rugas onde havia sedas, sou uma estrutura
agrandada pelos anos e o peso dos fardos
bons ou ruins.
(Carreguei muitos com gosto e alguns com rebeldia.)

O que te posso dar é mais que tudo
o que perdi: dou-te os meus ganhos.
A maturidade que consegue rir
quando em outros tempos choraria,
busca te agradar
quando antigamente quereria
apenas ser amada.
Posso dar-te muito mais do que beleza
e juventude agora: esses dourados anos
me ensinaram a amar melhor, com mais paciência
e não menos ardor, a entender-te
se precisas, a aguardar-te quando vais,
a dar-te regaço de amante e colo de amiga,
e sobretudo força — que vem do aprendizado.
Isso posso te dar: um mar antigo e confiável
cujas marés — mesmo se fogem — retornam,
cujas correntes ocultas não levam destroços
mas o sonho interminável das sereias.

O texto acima foi extraído do livro "Secreta Mirada", Editora Mandarim - São Paulo, 1997, pág. 151.
Lya Luft

Para refletir

"A maturidade me permite olhar com menos ilusões, aceitar com menos sofrimento, entender com mais tranqüilidade, querer com mais doçura."
Lia Luft

Praticando ENEM/2011

PROJETO ENEM TEMPORADA DE FÉRIAS
Profª. Francina
06/07/11

Texto para a questão 01.
Quatro ou cinco grupos diferentes de alunos [...] es - tiveram lá em casa numa mesma missão [...]: saber se eu considerava o estudo da Gramática indispensável para aprender e usar a nossa ou qualquer outra língua.
[...] Respondi que a linguagem, qualquer linguagem, é um meio de comunicação e que deve ser julgada exclusivamente como tal. Respeitadas algumas regras básicas da Gramática, para evitar os vexames mais gritantes, as outras são dispensáveis. [...] Escrever bem é escrever claro, não necessariamente certo. [...] O importante é comunicar. (E quando possível surpreender, iluminar, divertir, comover... Mas aí entramos na área do talento, que também não tem nada a ver com Gramática).
(Luis Fernando Verissimo, O Gigolô das Palavras)
01.(H26) Nesse texto, o escritor Luis Fernando Verissimo considera que
a) o respeito às regras gramaticais impossibilita uma comunicação eficiente.
b) só é possível ultrapassar a comunicação convencional quando se abandonam as regras gramaticais.
c) o estudo da Gramática pode inibir o talento linguístico.
d) nem sempre a obediência às regras gramaticais assegura uma boa comunicação.
e) é necessário, para escrever com clareza, buscar as formas gramaticalmente corretas.

Texto para as questões 02 e 03.
SINAL FECHADO
– Olá! Como vai?
– Eu vou indo. E você, tudo bem?
– Tudo bem!
(...)
– Me perdoe a pressa,
é a alma dos nossos negócios...
– Oh, não tem de quê,
eu também só ando a cem...
(...)
– Tanta coisa que eu tinha a dizer,
mas eu sumi na poeira das ruas...
– Eu também tenho algo a dizer,
mas me foge à lembrança...
– Por favor, telefone, eu preciso beber
alguma coisa rapidamente...
– Pra semana...
– O sinal...
– Eu procuro você...
– Vai abrir! Vai abrir!
– Prometo, não esqueço...
– Por favor, não esqueça...
– Não esqueço, não esqueço...
– Adeus...
(Juarez Machado)
(Paulinho da Viola)

02. (H23) No trecho da canção de Paulinho da Viola representa-se um desencontro, cuja razão maior está
a) na eliminação dos desejos pessoais.
b) nas imposições do cotidiano moderno.
c) na falta de confiança no outro.
d) na expectativa romântica das pessoas.
e) no mecanismo egoísta das paixões.

03. (H27) O uso reiterado das reticências na letra da canção denota o propósito de marcar, na escrita,
a) as interrupções que ocorreram na breve e apressada conversa.
b) a ausência de interesse das personagens em dialogar.
c) a supressão de falas que poderiam parecer agressivas.
d) a enumeração de acontecimentos que deram origem ao encontro.
e) as omissões de fatos relevantes que as personagens decidem ocultar.

04. (H20) Assinale a alternativa em cuja frase o e assume o valor de mas.
a) Ele pernoitava e fazia as refeições naquele hotel.
b) Deram-se o braço e desceram felizes a ladeira.
c) Seu jeito displicente e seu descaso me aborrecem.
d) Permita que eu o ajude e, garanto, não se arrependerá.
e) Estudou dia e noite e não conseguiu passar.

Texto para as questões 05 e 06.
TUDO VERDE NA GROELÂNDIA
As geleiras da Groelândia estão derretendo tão rapidamente que, em alguns lugares, os níveis glaciais baixaram 10 metros num único ano. A constatação é de um grupo de cientistas da fundação Gary Comer, entidade americana que estuda as mudanças bruscas do clima no planeta. Para os pesquisadores, o território dinamarquês se tornou um laboratório gigante das transformações ambientais. O recuo do gelo e o desnudamento das rochas deram espaço a liquens e até a plantas mais desenvolvidas, além de resgatarem traços da agricultura viking extinta no século 15, quando a temperatura caiu tanto que nenhuma civilização resistiu ali. Hoje, a novidade ressuscita o verde e os fazendeiros. O aparente bom pasto é apenas a ponta de um grande problema ecológico.
( Terra, ed. 162, out. 2005, p.25.)
“O recuo do gelo e o desnudamento das rochas deram espaço a liquens e até a plantas mais desenvolvidas, além de resgatarem traços da agricultura viking extinta no século 15, quando a temperatura caiu tanto que nenhuma civilização resistiu ali”.

05. (C6/H18) Os termos destacados:
a) exprimem causa.
b) indicam o acréscimo de informações.
c) estabelecem comparação.
d) introduzem concessão.
e) denotam a idéia de tempo.

06. (C6/H20) Leia os fragmentos:
I. As geleiras da Groelândia estão derretendo tão rapidamente que, em alguns lugares, os níveis glaciais baixaram 10 metros num único ano.
II. A temperatura caiu tanto que nenhuma civilização resistiu ali. Os termos destacados em I e II estabelecem no texto relação, respectivamente, de:
a) I.conseqüência II. conseqüência.
b) I.oposição II. conseqüência.
c) I.finalidade II. adição.
d) I.adição II. oposição.
e) I.comparação II. finalidade.

Texto para as questões 07 e 08.
Estamos livres de uma série de desgraças como grandes terremotos, vulcões e furacões por causa de fatores geológicos e climáticos. Catástrofes como sismos, vulcanismos e ondas gigantes estão ligadas aos movimentos na crosta da Terra. A gente nem percebe, mas sua superfície anda: ela está dividida em placas, que deslizam sobre o magma entre 1 e 20 centímetros por ano. No encontro dessas placas é que ocorre a maior parte dos terremotos e vulcões. (...)
A pouca ocorrência de ventos devastadores como furacões, tufões e ciclones é devida, em grande parte, à baixa temperatura do mar. Nossos mares dificilmente atingem os 26,5 graus necessários para a formação das piores tempestades. Furacões e tufões são a mesma coisa, com nomes diferentes. Ciclones são diferentes nas condições de formação e geralmentesão mais brandos. Um furacão deve ter ventos superiores a 118 quilômetros por hora, mas há ciclones com ventos muito intensos , diz a meteorologista Rosmeri da Rocha, da USP. O Catarina, por exemplo,que passou em março pelo sul do Brasil, tinha características tanto de ciclone quanto de furacão, segundo o INPE.
Adaptado da Revista Super Interessante, maio 2004.

07. Assinale a alternativa que serviria para ser título da notícia:
a) Ventos causam baixas temperaturas?
b) Por que o Brasil tem poucos desastres naturais?
c) O Brasil está livre de catástrofes naturais.
d) Baixas temperaturas provocam desastres.
e) Magma provoca furacões.

08. De acordo com o texto, os desastres naturais ocorrem devido a:
a) fatores geológicos e climáticos.
b) baixas temperaturas do mar.
c) pouca ocorrência de ventos.
d) imobilidade das placas.
e) rochas derretidas pelo calor.

Texto para a questão 09.

Você, que só faz usufruir
e tem mulher para usar ou para exibir,
você vai ver um dia
em que toca você foi bulir.
A mulher foi feita
pro amor e pro perdão.
Cai nessa, não.
Cai nessa, não.
(Vinícius de Moraes e Toquinho)

09. (H22) Assinale a alternativa correta, de acordo com o trecho acima:
a) O homem não se deve iludir, porque a mulher é traiçoeira.
b) O importante, na relação amorosa, são as aparências.
c) Usufruir, no texto, significa esbanjar dinheiro.
d) A mulher é superior ao homem, porque ama e perdoa.
e) Não se deve crer que a mulher sabe apenas amar e perdoar.

Texto para a questão 10.
Mulheres no cárcere e a terapia do aplauso
(por Bárbara Santos)

§1 Elas estão no cárcere. O cárcere não está preparado para elas. Idealizado para o macho, o cárcere não leva em consideração as especificidades da fêmea. Faltam absorventes. Não existem creches. Excluem-se afetividades. Celas apertadas para mulheres que convivem com a superposição de TPMs, ansiedades, alegrias e depressões.
§2 A distância da família e a falta de recursos fazem com que mulheres fiquem sem ver suas crianças. Crianças privadas do direito fundamental de estar com suas mães. Crianças que perdem o contato com as mães para não crescerem no cárcere.
§3 Uma presa, em Garanhuns, Pernambuco, luta para recuperar a guarda de sua criança, que foi encaminhada para adoção por ela não ter familiares próximos. Uma criança com cerca de 2 anos de idade, em Teresina, Piauí, nasceu e vive no cárcere, não fala e pouco sorri, a mãe tem pavor de perdê-la para a adoção, sua família é de Minas Gerais.
§4 Essas mulheres são vítimas do machismo, da necessidade econômica e do desejo de consumir. São flagradas nas portas dos presídios com drogas para os companheiros; são seduzidas por traficantes que se especializaram em abordar mulheres chefes de família com dificuldades econômicas; também são vaidosas e, apesar de pobres, querem consumir o que a televisão ordena que é bom.
§5 Um tratamento ofensivo as afeta emocionalmente. A tristeza facilmente se transforma em fúria. Muitas escondem de suas crianças que estão presas. Sentem vergonha da condição de presas. Na maioria dos casos, estão convencidas de que são culpadas e que merecem o castigo recebido. Choram, gritam e se comovem. O cárcere é despreparado e pequeno demais para comportar a complexidade das mulheres.
§6 Apesar do aumento do número de mulheres presas no Brasil, especialmente nas rotas do tráfico, o sistema penitenciário não se prepara nem para as receber, nem para as ressocializar. Faltam presídios femininos, assim como capacitação específica para servidores penitenciários que trabalham com mulheres no cárcere.
§7 Falta estrutura que considere a maternidade e que garanta os direitos fundamentais das crianças.
§8 Assim como na sociedade, no cárcere o espaço da mulher ainda é precário. O sistema é masculino na sua concepção e essência. Em cidades como Caicó, Rio Grande do Norte, não existe penitenciária feminina. As mulheres presas são alojadas numa área improvisada dentro da unidade masculina. Em Mossoró, no mesmo Estado, mulheres presas, ainda sem sentença, aguardam julgamento numa área minúscula dentro da cadeia pública masculina. A presença improvisada das mulheres cria problemas legais e acarreta insegurança para servidores penitenciários quanto à garantia da segurança geral e da integridade física das mulheres.
(Bárbara Santos é coordenadora nacional do projeto Teatro do Oprimido nas Prisões, desenvolvido pelo Centro de Teatro do Oprimido, em parceria com o Departamento Penitenciário Nacional, do Ministério da Justiça. www.ctorio.org.br)
(Disponível em: http:// www.carosamigos.terra.com.br. Acesso em: 07 ago. 2006.)
10. (H18) “Apesar do aumento do número de mulheres presas no Brasil, especialmente nas rotas do tráfico, o sistema penitenciário não se prepara nem para as receber, nem para as ressocializar.” (§ 6)
Os termos “Apesar do” e “nem [...] nem”, neste fragmento, estabelecem relações lógico-semânticas respectivamente de:
a) concessão e adição.
b) condição e contraste.
c) concessão e alternância.
d) contraste e exclusão.
e) concessão e conclusão.

Texto para a questão 11.
Loucos por compras
Paola Emilia Cicerone
[...]
É cada vez maior o número de pessoas que procuram psicólogos ou psiquiatras em busca de ajuda para controlar o impulso consumista. Pesquisadores observam que a compulsão leva aproximadamente dez anos para se consolidar e ser percebida como tal pela pessoa afetada. O hábito surge por volta de 18 anos, quando os 05jovens, embora nem sempre efetivem a compra, passam horas experimentando roupas e outros produtos. Segundo Roberta Biolcati, ao longo do tempo o impulso de consumo transforma a rotina da pessoa: “Ir ao shopping, por exemplo, se torna uma atividade freqüente, solitária e, eventualmente, causa vergonha; é como um apetite compulsivo”.
As compras funcionam como uma espécie de droga leve: o consumidor só se satisfaz quando 10adquire o produto desejado. Essa experiência é bastante comum, mas ao tornar-se obsessiva pode comprometer o equilíbrio emocional e muitas vezes ter conseqüências sobre o orçamento familiar.
Segundo a psicóloga, a impossibilidade financeira de satisfazer desejos de consumo aumenta a ansiedade do paciente. Para se livrar dessa angústia, há pessoas que optam por soluções drásticas, como, por exemplo, não entrar em lojas para evitar o impulso. Há relatos de pacientes que, após dois ou três dias, experimentaram 15náuseas comparáveis às da abstinência de drogas.
Apesar das semelhanças, o comportamento não é reconhecido como dependência porque não envolve uso de substâncias. Além disso, classificar como patológico um fenômeno socialmente aceito é tarefa difícil. O psicoterapeuta Cesare Guerreschi, da Sociedade Italiana de Intervenção nas Patologias Compulsivas, questiona a visão predominante sobre consumo compulsivo: “A obsessão pelas compras não coloca a vida em 20risco, como o alcoolismo ou a dependência de drogas, levando a sociedade a uma visão superficial sobre as conseqüências do transtorno”. Ele observa que consumidores compulsivos sofrem simultaneamente de distúrbios como bulimia, anorexia, descontrole emocional e alcoolismo. Para o professor Roberto Pani [psicólogo da Universidade de Bolonha], o consumo funciona como atalho para sanar carências. “Trata-se de uma espécie de dependência autorizada, bem-vista socialmente”.
[...]
Reportagem retirada da revista Mente & Cérebro. Edição
de aniversário, ano XV, n. 176, setembro de 2007.
11. (H18) Considere o trecho do texto acima.
“Apesar das semelhanças, o comportamento [compulsivo por comprar] não é reconhecido como dependência porque não envolve uso de substâncias. Além disso, classificar como patológico um fenômeno socialmente aceito é tarefa difícil”.
Nesse trecho, é correto afirmar que o conector além disso realiza a função de
a) adicionar um argumento novo e inesperado, que muda a direção argumentativa do enunciado anterior.
b) adicionar um argumento novo, que mantém a mesma direção argumentativa do enunciado anterior.
c) desenvolver de maneira mais detalhada o argumento apresentado no enunciado anterior.
d) apresentar um tópico (assunto) totalmente diferente e independente do tópico tratado no enunciado anterior.

12. Metonímia é a figura de linguagem que consiste no emprego de um termo por outro, havendo sempre uma relação entre os dois. A relação pode ser de causa e efeito, de continente e conteúdo, de autor e obra ou da parte pelo todo. Assinale a alternativa em que essa figura ocorre:
a) Achando aquilo um desaforo.
b) Miquelina ficou abobada com o olhar parado.
c) E as mãos batendo nas bocas.
d) Calções negros corriam, pulavam.
e) Palhetas subiram no ar.

Texto para as questões 13 e 14.
A Carta da Terra, aprovada em Paris no ano de 2000 e endossada por representantes da sociedade civil de inúmeros países, estabeleceu 16 princípios fundamentais para orientar a transição do mundo para o chamado desenvolvimento sustentável. Aqui estão alguns desses princípios:
1. Respeitar a Terra e a vida em toda a sua diversidade.
6. Prevenir o dano ao ambiente como o melhor método de proteção ambiental e, quando o conhecimento for limitado, assumir uma postura de precaução.
12. Defender (...) os direitos de todas as pessoas a um ambiente (...) capaz de assegurar a dignidade humana, a saúde corporal e o bem-estar espiritual, concedendo especial atenção aos direitos dos povos indígenas e minorias.
15. Tratar todos os seres vivos com respeito e consideração.

13. Os princípios 1, 12 e 15 levam em conta:
a) apenas o que o homem tem em comum com outros seres vivos.
b) os outros seres vivos e o homem como minoria.
c) o homem em sua especificidade, mas não o que tem em comum com outros seres vivos.
d) o homem em sua especificidade e o que tem em comum com outros seres vivos.
e) os outros seres vivos, mas não o homem em sua especificidade.

14. Se quiséssemos extrair do princípio 6 da Carta da Terra uma regra geral de conduta, qual seria ela?
a) Deve-se ter conhecimentos ilimitados sobre qualquer assunto relacionado à ação.
b) Deve-se agir, mesmo sem conhecer o assunto relacionado à ação.
c) Não se deve agir sem suficiente conhecimento prévio do assunto relacionado à ação.
d) Não se deve assumir postura de precaução sobre assuntos relacionados à ação.
e) Deve-se assumir postura de precaução, somente quando o conhecimento for limitado.

15. Na frase (...) data da nossa independência política, e do meu primeiro cativeiro pessoal , ocorre o mesmo recurso expressivo de natureza semântica que em:
a) Meu coração / Não sei por que / Bate feliz, quando te vê.
b) Há tanta vida lá fora, / Aqui dentro, sempre, / Como uma onda no mar.
c) Brasil, meu Brasil brasileiro, / Meu mulato inzoneiro, / Vou cantar-te nos meus versos.
d) Se lembra da fogueira, / Se lembra dos balões, / Se lembra dos luares, dos sertões?
e) Meu bem querer / É segredo, é sagrado, / Está sacramentado / Em meu coração.

16. (H1)
Com o surgimento e a popularização da Internet, alterou-se profundamente a noção de texto. Na Internet, oprocesso de ler e escrever um texto deixou de ser linear.
O internauta pode, ao mesmo tempo que lê, acessar links, ouvir músicas, examinar imagens, comunicar-se, através de e-mails, blogs, Orkut, etc. Agora há muitas possibilidades oferecidas pelo texto digital, que envolve uma nova forma de acessar, produzir e interpretar informações.
Sendo assim, é correto afirmar que:
A) o advento da internet tem melhorado o processo de leitura e escrita da população mundial.
B) para os jovens, o e-mail é a melhor forma para se comunicar com outros jovens de forma dinâmica em tempo real.
C) atualmente os blogs são usados por jovens interessados em relatar fatos do seu cotidiano, pensamentos, observações, opiniões e formar comunidades.
D) para montar um blog, o internauta precisa ter um pouco de conhecimento de programação de computadores para criar sua página na rede.
E) o Orkut apareceu como uma forma segura de contatar amigos, saber notícias de quem está distante e mandar recados.

Leia o poema a seguir.
Alma minha gentil, que te partiste
tão cedo desta vida descontente,
repousa lá no Céu eternamente,
e viva eu cá na terra sempre triste.
Se lá no assento etéreo, onde subiste,
memória desta vida se consente,
não te esqueças daquele amor ardente
que já nos olhos meus tão puro viste.
E se vires que pode merecer-te
alguma cousa a dor que me ficou
da mágoa sem remédio de perder-te,
roga a Deus, que teus anos encurtou,
que tão cedo de cá me leve a ver-te,
quão cedo de meus olhos te levou.
(CAMÕES, Luís de. Rimas. Coimbra: Atlântida, 1973. p. 156.)

17. Em relação ao poema, é correto afirmar:
a) Através do uso frequente de palavras referentes ao sentido da visão, o eu lírico afirma que o seu amor é essencialmente corporal, físico, e que, portanto, termina com a morte.
b) O eu lírico dirige-se à sua amada, lamentando a precoce morte dela e pedindo-lhe que interceda junto a Deus para que os dois possam, em breve, estar juntos novamente.
c) O poema exprime a fugacidade do amor espiritual por meio de uma linguagem romântica, como era próprio do estilo clássico.
d) O eu lírico expressa de forma direta a impossibilidade de realização do amor espiritual ou físico com a sua amada após a morte.
e) O eu lírico evoca a memória de sua amada para recordar os encontros amorosos que tiveram quando jovens.


Nos textos a seguir, o escrivão da frota cabralina, Pero Vaz de Caminha, e o poeta Olavo Bilac apresentam imagens simbólicas do Brasil.
Esta terra, senhor, [...] De ponta a ponta é toda praia redonda... muito chã e muito formosa. Pelo sertão, nos pareceu, vista do mar, muito grande; porque a estender d olhos, não podíamos ver senão terra com arvoredos, que nos parecia muito longa. [...] a terra em si é de muito bons ares, assim frios e temperados como os de Entre-Douro e Minho. [...] As águas são muitas; infindas. E em tal maneira é graciosa que, querendo aproveitá-la, tudo dará nela, por causa das águas que tem.
(CAMINHA apud CASTRO, Silvio. A carta de Pero Vaz de Caminha: o descobrimento do Brasil. 2.ed. São Paulo: L&PM Editores, 1987. p. 97-98.)

Ama com fé e orgulho a terra em que nascestes!
Criança, jamais verás país como este!
Olha que céu, que mar, que floresta!
A natureza, aqui perpetuamente em festa,
É um seio de mãe a transbordar carinhos.
(Olavo Bilac apud CHAUÍ, Marilena. O mito fundador do Brasil. Folha de S.Paulo, São Paulo, 26 mar. 2000. Caderno Mais!, p. 10.)

18. Com base nos textos, assinale a alternativa que apresenta a compreensão dos autores sobre o Brasil.
a) Tanto para Caminha quanto para Bilac, a imensa e esplendorosa natureza do Brasil constituise em um elemento negativo, já que a imagem de perigo sobrepõe-se à de Paraíso.
b) A presença de elementos míticos do Paraíso Terrestre restringe-se à descrição de Caminha, pois no poema de Bilac a nossa identidade e grandeza desligam-se do plano natural.
c) A descrição de Caminha sobre a natureza inaugurou uma visão do Brasil associada ao mito do Paraíso Terrestre, visão essa que permaneceu no poema de Bilac num tom ufanista.
d) Tanto o escrivão quanto o poeta construíram imagens do Brasil em desarmonia com sua natureza, defendendo que somente a extensão territorial era digna de destaque.
e) As imagens simbólicas criadas por Olavo Bilac para representar o Brasil estão dissociadas das de Pero Vaz de Caminha, visto que com o fim do período da colonização encerra-se a demanda pela construção de um mito fundador do país.

Modos de xingar

Biltre!
– O quê?
– Biltre! Sacripanta!
¬ – Traduz isso para o português.
– Traduzo coisa nenhuma. Além do mais, charro! Onagro!
Parei para escutar. As palavras estranhas jorravam do interior de um Ford de bigode. Quem as proferia era um senhor idoso, terno escuro, fisionomia respeitável, alterada pela indignação. Quem as recebia era um garotão de camisa esporte; dentes clarinhos emergindo da floresta capilar, no interior de um fusca. Desses casos de toda hora: o fusca bateu no Ford. Discussão. Bate-boca. O velho usava o repertório de xingamentos de seu tempo e de sua condição: professor, quem sabe? Leitor de Camilo Castelo Branco.
Os velhos xingamentos. Pessoas haviam que se recusavam a usar o trivial das ruas e botequins, e iam pedir a Rui Barbosa, aos mestres da língua, expressões que castigassem fortemente o adversário (...). “Ladrão”, simplesmente, não convencia. Adotavam-se formas sofisticadas, como “ladravaz”, “ladroaço”. Muitos preferiam “larápio” (...)
(Carlos Drummond de Andrade, As palavras que ninguém diz. Record: Rio de Janeiro, 1997, p. 23-24)

19. (H19) A função da linguagem predominante no texto é a:
a) emotiva, já que a crônica exprime a subjetividade do cronista, por meio de adjetivos e da 1ª pessoa do singular.
b) apelativa, uma vez que o cronista indiretamente pede ao leitor que não use palavras difíceis.
c) referencial, visto que conta uma história com objetividade, usando a 3ª pessoa e palavras de sentido denotativo.
d) metalinguística, por reflete sobre o próprio código, no caso, os diferentes usos da língua.
e) poética, pois escrita pelo poeta Carlos Drummond de Andrade, preocupado com a construção expressiva da mensagem.

20. Assinale a alternativa que traz exemplo de variedade linguística que exemplifique variação de estilo (ou seja, diafásica, ou de registro).
A) É urgente que os gringos se comprometam a manter o aquecimento global abaixo de 2ºC em relação aos níveis de 1990.
B) Estudos revelam que Barack Obama fez mais pelo meio ambiente do que os governos americanos anteriores nos últimos 30 anos.
C) Japão e Itália liberam pouca quantidade de gases do efeito estufa, mas carecem de uma política climática para alcançar as metas fixadas pela ONU.
D) Os Estados Unidos mantêm o maior nível de emissão per capita de poluentes no mundo todo.

21. Assinale a alternativa em que a função apelativa da linguagem é a que prevalece:
a) Trago no meu peito um sentimento de solidão sem fim… sem fim…
b) “Não discuto com o destino o que pintar eu assino.”
c) Machado de Assis é um dos maiores escritores brasileiros.
d) Conheça você também a obra desse grande mestre.
e) Semântica é o estudo da significação das palavras.

22. Identifique a frase em que a função predominante da linguagem é a REFERENCIAL:
a) Dona Casemira vivia sozinha com seu cachorrinho.
b) ¾ Vem, Dudu!
c) ¾ Pobre Dona Casemira…
d) ¾ O que … O que foi que você disse?
e) Um cachorro falando?

Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.
(Cecília Meireles, OBRA POÉTICA)

23. Assinale a alternativa INCORRETA sobre a estrofe anterior.
a) Vento é um termo metafórico, sem correspondente expresso e pode ter várias interpretações.
b) O verso 2 expressa uma antítese.
c) O interlocutor tem o papel de depositário de uma confidência lírica.
d) Os versos 1 e 3 confluem na rima e no significado dinâmico de tudo que passa.
e) A apóstrofe expressa no verso 4 confirma o vazio emocional, já anunciado no verso 2.

A Rosa de Hiroshima

Pensem nas crianças
Mudas telepáticas
Pensem nas meninas
Cegas inexatas
Pensem nas mulheres
Rotas alteradas
Pensem nas feridas
Como rosas cálidas
Mas oh não se esqueçam
Da rosa da rosa
Da rosa de Hiroshima
A rosa hereditária
A rosa radioativa
Estúpida e inválida
A rosa com cirrose
A antirrosa atômica
Sem cor sem perfume
Sem rosa sem nada
(Vinícius de Moraes)
24. (H19) A função de linguagem presente em “pensem” e “não se esqueçam” é a conativa ou de apelo, pela qual, no contexto em que é empregada, o poeta:
a) reproduz a linguagem militar, para lembrar as consequências da guerra.
b) utiliza a linguagem poética para referir-se à bomba atômica.
c) dirige-se aos leitores, alertando-os sobre os efeitos catastróficos da bomba.
d) expressa seu sentimento de indignidade diante da indiferença que os fatos suscitam.
e) usa o imperativo na tentativa de manter contato com os leitores.

No século XIX, Charles Darwin descobriu que somos filhos de macacos. Sob o impacto de sua própria conclusão, o autor de A Origem das Espécies ocultou, durante certo tempo, a sua teoria da evolução. Ele via doente, queixando-se de intensas dores de cabeça, derramando-se em vômitos e contraindo-se em palpitações cardíacas. Sofria os efeitos de um conflito íntimo, como quem somatiza um drama de consciência.
Darwin, que sonhara ser sacerdote, fora levado por caminhos que o tornaram autor de uma teoria que, como a astronomia de Copérnico e Galileu, faria a Igreja vociferar também no século XIX. Chegou a confidenciar a sua amigo Joseph Hooker que, ao admitir o parentesco entre o ser humano e os símios, ficou-lhe o sentimento de culpa de quem comete um crime, um verdadeiro parricídio – o assassinato de Adão.
(Revista Caros Amigos)
25. (H15) Influenciados pelas ideias de Darwin, os representantes do Naturalismo, movimento literário do século XIX, comparavam os seres humanos a animais. Os trechos abaixo foram extraídos da obra O Cortiço, cujo autor, Aluísio Azevedo, foi o maior representante do Naturalismo no Brasil. Assinale a alternativa em que essa característica, conhecida como zoomorfização, não esteja presente:
a) “A filha tinha quinze anos, a pele de um moreno quente, beiços sensuais, bonitos dentes, olhos luxuriosos de macaca.”
b) “... uma negrinha virgem, chamada Leonor, muito ligeira e viva, lisa e seca como um moleque, conhecendo de orelha, sem lhe faltar um terreno, a vasta tecnologia da obscenidade...”
c) “Nenem dezessete. Espigada, franzina e forte, com uma proazinha de orgulho de sua virgindade, escapando como enguia por dentre os dedos dos rapazes que a queriam sem ser para casar.
d) “A primeira que se pôs a lavar foi a Leandra, por alcunha a 'Machona', portuguesa feroz, berradora, pulsos cabeludos e grossos, anca de animal do campo.”
e) “Era um pobre-diabo caminhando para os setenta anos, antipático, cabelo branco, curto e duro, como escova, barba e bigode do mesmo teor; muito macilento, com uns óculos redondos que lhe aumentavam o tamanho da pupila e davam-lhe à cara uma expressão de abutre...

26. A charge acima, do cartunista Benett, foi publicada no jornal Gazeta do Povo em 29/12/2008. Marque a alternativa que analisa equivocadamente.
a) A figura da caveira com a foice na mão representa o tema da morte.
b) Quando a caveira sai de férias, significa que o contexto é de paz.
c) A caveira sempre está de plantão, já que sempre ocorrem mortes.
d) Quando a caveira está de plantão o quadro é de paz.
e) A charge faz alusão à guerra entre palestinos e judeus.


“Quem precisa da sorte quando há conhecimento e força de vontade para crescer?”

Preparando-se para o ENEM 2011!

PROJETO ENEM TEMPORADA DE FÉRIAS/2011

O texto abaixo servirá de base para responder às questões 01, 02 e 03:
O poema
Mário Quintana
"Uma formiguinha atravessa, em diagonal, a página ainda em branco. Mas ele, aquela noite, não escreveu nada. Para quê? Se por ali já havia passado o frêmito e o mistério da vida..."

QUESTÃO 01 (H 18)
As conjunções são palavras que unem vocábulos ou orações, estabelecendo relações de sentido, que promovem sua progressão temática. Na estruturação do texto acima, o autor utilizou várias conjunções. Entre elas, pode-se destacar a palavra “Se” (l.3) cujo valor semântico apresentado é de:
A) causa
B) condição
C) finalidade
D) explicação
E) consequência

QUESTÃO 02 (H 27)
Segundo a gramática normativa, a palavra “Mas” é uma conjunção coordenativa (l.2) normalmente utilizada para indicar oposição de ideias, quando se quer apresentar um contraste para acentuar o tema proposto. No poema acima, pode-se dizer que o referido vocábulo foi utilizado para:
A) destacar a oposição entre “escreveu” e “página ainda em branco”.
B) contrastar a ação da formiguinha com a ação do poeta.
C) indicar a mudança do assunto iniciado na frase anterior.
D) intensificar a temática do mistério da vida abordada pelo poeta.
E) chamar a atenção do leitor para a atitude do poeta de ficar absorto com o mistério da vida.

QUESTÃO 03 (H 19)
A função da linguagem predominante no poema acima é:
A) metalinguística, por enfatizar o que é um poema em sua essência.
B) emotiva, visto que se centraliza na emoção que o eu lírico transmite.
C) referencial, pois tem como objetivo principal transmitir uma informação para o leitor.
D) poética, visto tratar-se de um poema.
E) apelativa, pois apela para o sentido mais filosófico que o texto apresenta.

Doce vampiro
Rita Lee
Venha me beijar, meu doce vampiro
Oh, oh, na luz do luar
Ah, ah, venha sugar o calor de dentro do meu sangue vermelho
Tão vivo, tão eterno veneno
Que mata a sua sede e me bebe quente como um licor
Brindando a morte e fazendo amor
Meu doce vampiro, oh, oh, na luz do luar
Ah, ah, me acostumei com você sempre reclamando da vida
Me ferindo, me curando a ferida
Mas nada disso importa, vou abrir a porta pra você entrar
Beijar minha boca até me matar
Beijar minha boca até me matar de amor

QUESTÃO 04 (H 17)
No texto acima, música de Rita Lee e Roberto de Carvalho, há presentes temáticas como vampirismo, amor, morte, elementos da literatura gótica. Apesar de moderna, essa canção está associada à(ao):
A) primeira geração romântica, que via o amor como a base de uma sociedade idealizada.
B) segunda geração romântica, que incorporou o mal do século e o Byronismo.
C) terceira geração romântica, que visava ao escapismo.
D) Naturalismo, com seu gosto pelo sensual.
E) Simbolismo, que acrescentava temáticas transcendentais na busca de identidade literária.

O texto abaixo servirá de base para as questões 05 e 06:
PIPOCA MODERNA
Composição: Caetano Veloso / Sebastião Biano
E era nada de nem noite de negro não
E era nê de nunca mais
E era noite de nê nunca de nada mais
E era nem de negro não
Porém parece que há golpes de pê, de pé, de pão
De parecer poder
(E era não de nada nem)
Pipoca ali, aqui, pipoca além
Desanoitece a manhã
Tudo mudou

QUESTÃO 05 (H 17)
O texto acima, composto por Caetano Veloso:
A) representa um momento em que o país vivia sob uma ditadura militar, que perseguia seus opositores e impunha a censura aos meios de comunicação.
B) faz parte do movimento contemporâneo que inovava na produção artística das composições musicais, fazendo críticas ao falso intelectualismo da “Bossa Nova”.
C) se inclui nas produções da música baiana da época do tropicalismo.
D) critica o capitalismo selvagem, que se iniciou a partir da década de 1980 com o apoio do capital americano.
E) representa o negativismo que tomou conta do país no período do governo Collor, quando o povo buscava uma saída para os problemas desencadeados pela inflação.

QUESTÃO 06 (H 15)
Quanto à linguagem utilizada no texto, pode-se afirmar que:
A) a exagerada repetição foi usada para aproximar o texto escrito da linguagem oral.
B) as negações expressam, do começo ao fim, o sentimento pessimista em relação à vida.
C) o processo metonímico foi utilizado para reforçar o sentido crítico expresso pelo autor.
D) em “desanoitece a manhã”, o verso focaliza a temática metapoética que foi construída para centralizar o principal assunto do texto.
E) a palavra “pipoca” foi utilizada com o objetivo de representar o processo de transformação metafórica que sofre o eu lírico.
QUESTÃO 07 (H 22)
Texto I
Bichos. As criaturas que me serviram durante anos eram bichos. Havia bichos domésticos, como o Padilha, bichos do mato, como Casimiro Lopes, e muitos bichos para o serviço do campo, bois mansos. Os currais que se escoram uns aos outros, lá embaixo, tinham lâmpadas elétricas. E os bezerrinhos mais taludos soletravam a cartilha e aprendiam de cor os mandamentos da lei.
(RAMOS, Graciliano. São Bernardo. 62. ed. Rio de Janeiro: Record, 1995. p. 185.)
Texto II
O Bicho
Manuel Bandeira
Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.
Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.
O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.
O bicho, meu Deus, era um homem.
Acerca dos textos I e II, considere as assertivas a seguir e assinale o item INCORRETO:
A) Os textos I e II apresentam a mesma denúncia social.
B) No texto I, o narrador, como dono de propriedades, descreve o fato social sem revelar criticidade.
C) Em ambos os textos, o narrador e o eu lírico encaram com naturalidade a aproximação entre o bicho e o homem.
D) No texto II, o eu lírico mostra espanto ao ver a similaridade entre as ações humanas e animais.
E) O processo de reificação é visível nos dois textos, relacionando o homem às características animais.


QUESTÃO 08 (H 21)
A charge faz parte de um sistema de informação e comunicação que tem como principal objetivo ironizar ou criticar elementos ou instituições da sociedade de forma humorística. Na charge acima, a crítica foi feita à escola porque:
A) a professora atribuiu nota “péssimo” ao aluno.
B) era a segunda vez que o aluno recebia a nota “péssimo”.
C) o comum é atribuir notas baixas a alunos que faltam muito às aulas.
D) até mesmo o aluno assíduo não está tendo aprendizado satisfatório.
E) a função da escola não é atribuir notas baixas aos alunos, mas educar os alunos.


QUESTÃO 09 (H 24)
Quanto à linguagem usada na charge, pode-se afirmar que:
A) a linguagem verbal poderia ser dispensada sem prejuízo de transmissão da mensagem;
B) a linguagem verbal é mais importante neste tipo de texto que a linguagem não-verbal.
C) a linguagem mista utilizada foi essencial para o humor ser caracterizado na charge.
D) caracterizaria melhor o humor da charge se a linguagem utilizada fosse, em maior parte, a verbal.
E) para esse tipo de comunicação, é apropriado somente o uso do padrão formal da linguagem.

Leia o texto abaixo e responda às questões 10 e 11:
Mui grande é o Vosso amor e o meu delito;
Porém pode ter fim todo o pecar,
E não o Vosso amor, que é infinito.
Essa razão me obriga a confiar
Que, por mais que pequei, neste conflito
Espero em vosso amor de me salvar.

QUESTÃO 10 (H 16)
Analisando as palavras e ideias utilizadas nos versos acima, identifica-se o estilo do autor pelo(a):
A) expressão lírica do ilogismo romântico calcado na fé irrestrita.
B) tom conflituoso em que fé e razão se chocam à moda romântica.
C) jogo de palavras de tom satírico típico do estilo barroco, moralizador.
D) poesia sacra romântica em que a confiança no perdão se constrói em antíteses.
E) expressão lírica do arrependimento do poeta pecador num jogo de palavras típico do estilo barroco.

QUESTÃO 11 (H 21)
Na construção de textos literários para a instrução do público leitor é comum a presença de elementos da lógica formal como o silogismo.
SILOGISMO: Dedução formal tal que, postas duas proposições, chamadas premissas, delas se tira uma terceira, nelas logicamente implicada, chamada conclusão. Assim, temos como exemplo: Todo homem é mortal (premissa maior); ora, eu sou homem (premissa menor); logo, eu sou mortal (conclusão).
Nos versos anteriores, pode-se dizer que se encontra um silogismo. Em que alternativa está a premissa maior usada pelo autor?
A) Porém pode ter fim todo o pecar,
B) E não o Vosso amor, que é infinito.
C) Essa razão me obriga a confiar
D) Que, por mais que pequei, neste conflito
E) Espero em vosso amor de me salvar.


QUESTÃO 12 (H 25)
Na conversa do casal da figura acima, foram usadas as expressões “criar caso” e “fazer caso de” numa situação específica de comunicação. Usando a norma padrão, essas expressões significariam, respectivamente:
A) coibir dificuldades / comentar.
B) falar mal de alguém / não merecer.
C) suscitar problemas / levar em conta.
D) imaginar uma história / ter razão de ser.
E) imaginar-se em uma determinada situação / fazer premeditadamente.



QUESTÃO 13 (H 04)
A charge anterior traz uma visão do impacto da tecnologia na vida do homem do final do século XX e início do século XXI a qual se baseia na ideia de:
A) exploração
B) criatividade
C) dependência
D) pragmatismo
E) confiabilidade

(...)
Num salão de Paris
a linda moça de olhar gris,
toma café.
Moça Feliz.
(...)
(Cassiano Ricardo – Martim Cererê)

QUESTÃO 14 (H 23)
Pelos versos acima, pode-se depreender que a temática utilizada foi a:
A) identificação da expansão industrial brasileira do século XX.
B) louvação ao crescimento da economia cafeeira.
C) crítica ao processo industrial brasileiro.
D) apresentação da política “café-com-leite” entre São Paulo e Minas Gerais.
E) evidência do café como símbolo do nacionalismo.

QUESTÃO 15 (H 23)
As “tiras cômicas” (narrativas que mostram personagens fictícias em situações fictícias, num texto curto, em forma retangular) apresentam informações ou pontos de vista em suas manifestações específicas para resolver problemas sociais. No caso a seguir, a informação repassada para o leitor é:


A) Há várias formas de dissipar o calor proveniente de altas temperaturas no ocidente.
B) O meio mais econômico para se livrar do calor é utilizando o ventilador, como mostra o quarto quadrinho.
C) É importante evitar o desperdício de água, representado pelo segundo quadrinho.
D) Deve-se ter cuidado com a higiene pessoal.
E) Deve-se respeitar a individualidade de cada criança no seu próprio jeito de se divertir.

QUESTÃO 16 (H 24)
Uma agência de publicidade e propaganda ganhou uma concorrência pública para a criação de uma campanha visando combater o uso de bebida alcoólica por condutores de veículos. Tendo estes como público-alvo, a agência, no outdoor a seguir, utilizou-se da seguinte estratégia argumentativa:
A) Comoção
B) Chantagem
C) Intimidação
D) Esclarecimento
E) Sedução


QUESTÃO 17 (H 21)
Se a narração é o gênero de redação em que uma história é contada (seja uma fábula ou uma crônica), com o uso de recursos como flashbacks, suspense, narrador em primeira ou terceira pessoa etc., a notícia é o relato do fato, com texto, geralmente, mais simples, seco.
(Nery, Alfredina, A estrutura do texto jornalístico, UOL Educação)
Com base na definição acima do gênero notícia, pode-se afirmar que nele:
A) A informação deve ser gradual, de modo a envolver o leitor.
B) O produtor não deve prescindir do uso de figuras, como a metáfora.
C) O fato pode ser manipulado para envolver efetivamente o leitor.
D) A informação deve ser fornecida de modo integral e ordenado.
E) A linguagem pode ser mista, com o emprego de variantes regionais e sociais.

O texto a seguir serve de base às questões 18 e 19.
Defenestração
Defenestrada. Mesmo errada, era a palavra exata.
Um dia, finalmente, procurei no dicionário. E aí está o Aurelião que não me deixa mentir. "Defenestraçao" vem do francês "defenestration". Substantivo feminino.
Ato de atirar alguém ou algo pela janela.
Ato de atirar alguém ou algo pela janela!
Acabou a minha ignorância mas não a minha fascinação. Um ato como este só tem nome próprio e lugar nos dicionários por alguma razão muito forte. Afinal, não existe, que eu saiba, nenhuma palavra para o ato de atirar alguém ou algo pela porta, ou escada abaixo. Por que, então, defenestração?
Talvez fosse um hábito francês que caiu em desuso. Como o rapé. Um vício como o tabagismo ou as drogas, suprimido a tempo. – Les defenestrations. Devem ser proibidas. (...)
Uma multidão cerca o homem que acaba de cair na calçada. Entre gemidos, ele aponta para cima e balbucia:
– Fui defenestrado...
Alguém comenta:
– Coitado. E depois ainda atiraram ele pela janela!
Agora mesmo me deu uma estranha compulsão de arrancar o papel da máquina, amassá-lo e defenestrar esta crônica. Se ela sair é porque resisti.
Luís Fernando Veríssimo

QUESTÃO 18 (H 27)
O texto alude a um vocábulo considerado erudito, arcaico. O emprego desse tipo de vocábulo na linguagem cotidiana:
A) força o interlocutor a assimilar seu significado, ampliando seu léxico.
B) comprova a necessidade de dominar a norma culta para ser compreendido.
C) é sempre correto, uma vez que a correção reside no grau de especialização vocabular.
D) caracteriza uma apropriação dos falantes de novos significados.
E) pode provocar um ruído na comunicação e prejudicar sua eficácia.

QUESTÃO 19 (H 19)
O autor comenta o próprio texto, fazendo uso da função metalinguística, o que pode ser exemplificado na passagem:
A) Acabou a minha ignorância mas não a minha fascinação.
B) Talvez fosse um hábito francês que caiu em desuso. Como o rapé. Um vício como o tabagismo ou as drogas, suprimido a tempo.
C) Uma multidão cerca o homem que acaba de cair na calçada. Entre gemidos, ele aponta para cima e balbucia (...)
D) Agora mesmo me deu uma estranha compulsão de arrancar o papel da máquina, amassá-lo e defenestrar esta crônica.
E) Alguém comenta:
– Coitado. E depois ainda atiraram ele pela janela!

Ainda é cedo, amor
Mal começaste a conhecer a vida
Já anuncias a hora da partida
Sem saber mesmo o rumo que irás tomar.
Preste atenção, querida
Embora eu saiba que estás resolvida
Em cada esquina cai um pouco a tua vida
Em pouco tempo não serás mais o que és.
Ouça-me bem, amor
Preste atenção que o mundo é um moinho
Vai triturar teus sonhos tão mesquinhos
Vai reduzir as ilusões a pó.
Preste atenção, querida
De cada amor tu herdarás só o cinismo
Quando notares que estás à beira do abismo
Abismo que cavaste a teus pés.
(O mundo é um moinho - Cartola)

QUESTÃO 20 (H 23)
O texto acima foi escrito por um dos maiores compositores brasileiros. Cartola inspirou-se na sua filha, que havia saído de casa. Lendo atentamente, aponte o trecho que, isoladamente, sugere uma vida de prostituição.
A) “Em pouco tempo não serás mais quem tu és”
B) “Sem saber mesmo o rumo que irás tomar”
C) “Em cada esquina cai um pouco a tua vida”
D) “De cada amor tu herdarás só o cinismo”
E) “Quando notares que estás à beira do abismo”

“Ser estudante exige tomada de decisão.”

Para você refletir!

A FITA MÉTRICA DO AMOR

Como se mede uma pessoa? Os tamanhos variam conforme o grau de envolvimento. Ela é enorme pra você quando fala do que leu e viveu, quando trata você com carinho e respeito, quando olha nos olhos e sorri destravado. É pequena pra você quando só pensa em si mesmo, quando se comporta de uma maneira pouco gentil, quando fracassa justamente no momento em que teria que demonstrar o que há de mais importante entre duas pessoas: a amizade.

Uma pessoa é gigante pra você quando se interessa pela sua vida, quando busca alternativas para o seu crescimento, quando sonha junto. É pequena quando desvia do assunto.

Uma pessoa é grande quando perdoa, quando compreende, quando se coloca no lugar do outro, quando age não de acordo com o que esperam dela, mas de acordo com o que espera de si mesma. Uma pessoa é pequena quando se deixa reger por comportamentos clichês.

Uma mesma pessoa pode aparentar grandeza ou miudeza dentro de um relacionamento, pode crescer ou decrescer num espaço de poucas semanas: será ela que mudou ou será que o amor é traiçoeiro nas suas medições? Uma decepção pode diminuir o tamanho de um amor que parecia ser grande. Uma ausência pode aumentar o tamanho de um amor que parecia ser ínfimo.

É difícil conviver com esta elasticidade: as pessoas se agigantam e se encolhem aos nossos olhos. Nosso julgamento é feito não através de centímetros e metros, mas de ações e reações, de expectativas e frustrações. Uma pessoa é única ao estender a mão, e ao recolhê-la inesperadamente, se torna mais uma. O egoísmo unifica os insignificantes.

Não é a altura, nem o peso, nem os músculos que tornam uma pessoa grande. É a sua sensibilidade sem tamanho.
Martha Medeiros